segunda-feira, 23 de abril de 2012

  Vento

E o vento: poema 
esquecido pelo tempo,
balança as folhas 
da cerejeira em flor
ele derruba suas flores
e suas folhas
carrega seu perfume 
para longe, bem longe
varre a paisagem
deixando para trás
o que restou da floresta.
Protocolo

Cada silêncio observado
nas esquinas da noite,
cuida de seu algoz
tirania absoluta
sem palavras
nem sons
nada ousa vibrar 
os tímpanos
da madrugada.
 Polpa de fruta

E na geladeira guardo 
umas idéias básicas.
Entre frutas e legumes 
estão sentimetos perecíveis
Armazeno-os de acordo 
com a validade e o grau
de importância.
Os mais importantes 
coloco-os no congelador
Vou usando-os conforme
minhas necessidades.
Dia desses, no lugar 
de uma polpa de fruta,
dei meu amor, que estava
congelado, a uma mulher sedenta.
Ela descongelou meu sentimento,
bebeu tudo e apaixonou-se por mim.. 
Saciou a tua sede e foi embora.
Deixando-me vazio e frio...

 Batida

Meu coração pulsa 
e te expulsa.
Batida desconexa
de ir e vir.
Desfibrila a dor
da despedida, ida
partida, comovida.
Como a vida pede,
como as leis mandam.
Mas o olhar dilata, delata
uma agonia incontida...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

QUANDO EFÊMERO...

O PASSAGEIRO NA ESTAÇÃO
VÊ, COM PESAR.
O OUTONO PARTINDO...

QUANDO SOU...

Minhas horas são precisas
como prescindir de tudo?
Esqueço-me em becos e vielas
Percorro outros espaços
Ocultos em vias públicas
Caminho ao lado das pessoas
Mas longe delas, bem longe
Não me tocam, não me sentem
Meus sentidos apurados
vivem em apuros
Sensações organolépticas
colocadas à toda prova
sou pintura rupestre
em meio às pichações.

sábado, 18 de junho de 2011

MÃOS

Com mãos incautas
esculpia sonhos
desses com formato
de nuvens que
mudavam de formas e
de portos
ao toque das mãos
e sabor dos ventos
com toque sutil e
coração febril
gerara vários sonhos
certo dia acordou
no meio da noite
levantou-se sorriu feliz
e foi vivê-los...





terça-feira, 16 de novembro de 2010

BAILARINA

E a bailarina rodopia
sobre o fogo
há brasas debaixo
de suas vestes
que se misturam
incinerando seus
desejos rúbios
bailado ardente
de amor
incandecente

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

RELEVO

Reticente, olhou pela janela.
no horizonte, atrás daquele
relevo, e parte da vida
ficava para trás.
a boca, que sempre
estava aberta
mostrando alegria
cedia lugar ao silêncio
Nos olhos apenas uma
palavra. Saudade...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A ABELHA

Dia desses segui uma abelha
que, alvoroçada, entrava e saia da colméia.
Emprestei um par
de asas e a segui, mata a dentro.

Qual não foi minha surpresa

quando a ví beijando minha amada?
Com um ciúme desesperado
passei a beijar flores, beija-flores
beija-flor...